Em um mundo cada vez mais digital, onde a internet se tornou uma ferramenta essencial em nossas vidas, o futuro do varejo tradicional se torna cada vez mais incerto. Estamos testemunhando o fim das lojas físicas, ou este é apenas um mito? Neste artigo, nós respondemos essa pergunta…

De acordo com dados da DataReportal, em janeiro de 2023, o Brasil contava com 181,8 milhões de usuários de internet. Isso quer dizer que 84,3% da população total tem acesso à internet. 

Como você pode imaginar, essa presença digital tão expressiva tem implicações diretas para o comércio, especialmente para o setor de varejo. Explicamos… 

Em 2022, o Ecommerce brasileiro experimentou um crescimento notável. Segundo a NielsenIQEbit, houve um aumento de 24% no número de consumidores de Ecommerce no país em comparação com o ano anterior. Além disso, um relatório da mesma organização apontou um crescimento de 2% para o Ecommerce no Brasil em 2022.

Com esses números em mente, surge a pergunta: estamos testemunhando o fim das lojas físicas? Ou essa é apenas uma narrativa exagerada, um mito que não reflete a realidade do varejo? 

Neste artigo, vamos explorar essa questão em profundidade, analisando as tendências atuais e o que elas podem significar para o futuro do comércio.

A ascensão do Ecommerce nos últimos anos

A ascensão do Ecommerce nos últimos anos tem sido notável. O Brasil, em particular, tem se destacado como um dos principais players deste mercado. Em 2023, os dados do Ecommerce no Brasil são animadores e colocam o país em uma posição de destaque no cenário global.

Antes de 2020, o Ecommerce já estava em expansão, mas ganhou ainda mais espaço após o lockdown. Muitos usuários que não tinham o hábito de comprar pela internet foram obrigados a se adaptar ao comércio virtual e, mesmo com o retorno da compra presencial, muitas pessoas já preferem realizar suas compras sem sair de casa. 

Aqui vão alguns dados que ilustram a ascensão do Ecommerce nos últimos anos:

  • Segundo o levantamento da NielsenIQEbit, os nichos de mercado que mais cresceram em 2022 foram aqueles com menor ticket médio, ou seja, que oferecem produtos mais baratos. Com destaque para o setor de Alimentos e bebidas que apresentou um crescimento de pedidos de 82,8%, seguido por Perfumaria e Cosméticos com 22,5%, Saúde com 16,9%, Bebês e Cia com 12,3% e Esporte e Lazer com 8,4%.
  • Uma pesquisa internacional da Insider Intelligence, o Brasil estava entre os 10 países com maior expectativa de crescimento no Ecommerce em todo o mundo em 2022
  • Dados da ABComm Forecast, uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, também relatam um faturamento de R$169.59 bilhões do Ecommerce no Brasil em 2022, uma diferença de mais de 18 bilhões em relação ao faturamento de 2021.
  • Para o futuro, a expectativa é ainda maior, com faturamento estimado de até R$ 232 bilhões, em 2026, uma diferença de mais de R$ 100 bilhões se comparado ao faturamento de 2020.
  • Segundo a Nuvemshop, pequenos e médios Ecommerces movimentaram cerca de R$ 703 milhões no primeiro trimestre de 2023 — um crescimento de 23% em relação ao mesmo período de 2022. 

Esses dados ilustram a ascensão do Ecommerce e as vantagens que ele oferece, tanto para os consumidores quanto para os varejistas. O Ecommerce permite uma maior conveniência, uma ampla variedade de produtos e a possibilidade de comparar preços e ler avaliações de produtos. 

Para os varejistas, oferece a oportunidade de alcançar um público mais amplo, reduzir custos e coletar dados valiosos sobre os clientes.

No entanto, apesar do crescimento impressionante do Ecommerce, isso não significa necessariamente o fim das lojas físicas

Muitos consumidores ainda valorizam a experiência de comprar em uma loja física, seja pela possibilidade de experimentar produtos, pela interação pessoal ou simplesmente pelo prazer de fazer compras como uma atividade de lazer.

Vamos continuar este assunto no próximo tópico?

💡 Loja física ou loja virtual: qual é a melhor opção?

Os desafios das lojas físicas 

Embora o Ecommerce esteja em ascensão, as lojas físicas ainda desempenham um papel crucial no cenário do varejo

Em janeiro de 2023, as vendas do varejo físico cresceram 6,1% em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com o Indicador de Atividade do Comércio da Serasa.

 E, além disso, de acordo com o Índice de Performance do Varejo (IPV), o fluxo do varejo físico cresceu 28% em abril de 2022, elevando as expectativas do setor. Em janeiro de 2023, o volume de vendas do comércio varejista nacional subiu 3,8% em relação ao mês imediatamente anterior.

Apesar desses números positivos, é inegável que esse modelo de vendas mais tradicional tem passado por momentos difíceis. As mudanças no comportamento do consumidor, e os altos custos operacionais foram fatores decisivos para enfraquecer as lojas físicas nos últimos anos. 

Em 2021, o Brasil fechou o ano com 38 mil pontos de venda físicos, o que representa uma diminuição de 6,7 mil PDVs em relação a 2015. Isso indica que, apesar do crescimento em vendas e faturamento, o número de lojas físicas está diminuindo.

Além disso, muitas empresas estão fechando suas lojas físicas e migrando para o online, ou mudando o foco para as lojas virtuais, como foi o caso do Magazine Luiza

Um exemplo disso é a marca de roupas Forever 21, que fechou todas as suas lojas físicas no Brasil e passou a operar exclusivamente online. Outro exemplo é a marca de calçados Arezzo, que anunciou em 2021 o fechamento de 50% de suas lojas físicas e o investimento no Ecommerce.

Reinvenção: a chave para prosperar no varejo físico

Apesar dos desafios e da ascensão do Ecommerce, as lojas físicas têm demonstrado uma resiliência notável. Elas ainda oferecem vantagens únicas e, quando bem executadas, podem prosperar no ambiente de varejo moderno.

Para começar, as lojas físicas oferecem uma experiência sensorial que o Ecommerce simplesmente não pode igualar. Os clientes podem tocar e experimentar produtos, algo que é especialmente importante para categorias como moda, móveis e eletrônicos

Além disso, as lojas físicas oferecem a gratificação instantânea de levar o produto para casa imediatamente após a compra, sem ter que esperar pela entrega. 

Por mais que a logística tenha evoluído muito nos últimos anos – e empresas como o Mercado Livre, por exemplo, oferecem entregas no mesmo dia – muitos clientes ainda preferem a satisfação de ter o produto em mãos logo após a compra. 

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Além disso, as lojas físicas podem oferecer um nível de serviço e experiência personalizada que, com recursos limitados, pode ser difícil de replicar online. Os vendedores podem fornecer conselhos e recomendações personalizadas, e a loja pode oferecer eventos e experiências exclusivas para os clientes.

Várias lojas físicas têm se adaptado e prosperado no ambiente de varejo moderno. Por exemplo, a marca de roupas Zara tem integrado com sucesso suas operações online e offline, permitindo que os clientes comprem online e retirem na loja, ou naveguem na loja e depois comprem online. Além disso, a Zara usa suas lojas como "showrooms" onde os clientes podem experimentar roupas e depois fazer pedidos online.

Outro exemplo é a Apple, cujas lojas físicas são mais do que apenas pontos de venda. Elas são espaços onde os clientes podem experimentar produtos, receber suporte técnico e participar de workshops e eventos. Isso cria uma experiência de marca imersiva que vai além da simples compra de produtos.

Por isso tudo, temos que destacar: as lojas físicas podem não ter acabado, mas elas certamente funcionarão de uma forma diferente daqui para frente. Esse é o poder da reinvenção! 

Por que as lojas virtuais se tornaram tão populares?

Vivemos em uma era digital, onde a internet transformou muitos aspectos de nossas vidas, incluindo a maneira como fazemos compras. 

Mas o que exatamente torna as lojas virtuais tão atraentes? Para entender isso, precisamos olhar para a situação de duas perspectivas diferentes: a do cliente e a do empreendedor. 

Vamos explorar os fatores que contribuíram para a popularidade do Ecommerce e como ele está moldando o futuro do varejo:

Para o cliente: 

  • Conveniência: as lojas virtuais permitem que os clientes façam compras a qualquer hora e em qualquer lugar, sem a necessidade de se deslocar até uma loja física;
  • Variedade: sites de venda geralmente oferecem uma variedade maior de produtos do que as lojas físicas, pois não estão limitadas pelo espaço físico;
  • Comparação de preços: na internet, os clientes podem facilmente comparar preços e produtos de diferentes lojas antes de fazer uma compra;
  • Avaliações de produtos: as lojas virtuais geralmente oferecem acesso rápido à opinião de outros compradores, por meio dos reviews de produto. Isso ajuda a quebrar objeções de possíveis clientes.  

Para o empreendedor

  • Custos mais baixos: geralmente, as lojas virtuais têm custos operacionais mais baixos do que as lojas físicas, pois não incluem gastos com contratação imediata de equipe, aluguel de espaço e contas de consumo; 
  • Alcance maior: as lojas virtuais podem vender para clientes em qualquer lugar do mundo, quebrando as barreiras geográficas que limitam as lojas físicas;
  • Facilidade de gerenciamento: com as ferramentas e plataformas de Ecommerce disponíveis hoje, é mais fácil do que nunca configurar e gerenciar uma loja virtual.
  • Dados do cliente: as lojas virtuais podem coletar uma grande quantidade de dados sobre o comportamento do cliente, o que pode ser usado para personalizar a experiência de compra e melhorar o marketing.

Em resumo, as lojas virtuais oferecem benefícios significativos tanto para os clientes quanto para os empreendedores, o que contribuiu para sua popularidade crescente. 

A convergência do físico e do digital

Em meio à ascensão do Ecommerce e aos desafios enfrentados pelas lojas físicas, surge um conceito que promete unir o melhor dos dois mundos: o varejo omnichannel. Este modelo de varejo busca oferecer uma experiência de compra integrada e contínua, independentemente do canal que o cliente escolha para interagir com a marca.

O varejo omnichannel reconhece que os clientes modernos interagem com as marcas de várias maneiras – eles podem visitar uma loja física, comprar online, navegar em um aplicativo móvel, ou interagir através das redes sociais. 

Em vez de ver esses canais como separados, o varejo omnichannel busca integrá-los para oferecer uma experiência de compra consistente e personalizada.

Algumas das principais características do varejo omnichannel incluem:

Várias empresas têm implementado com sucesso estratégias omnichannel. Por exemplo:

  • Nike: através do seu aplicativo, os clientes podem reservar produtos para experimentar na loja, participar de eventos exclusivos e até mesmo personalizar seus próprios tênis;
  • Sephora: a marca de cosméticos oferece uma experiência de compra integrada onde os clientes podem experimentar produtos na loja, ler avaliações online, fazer pedidos através do aplicativo e ganhar pontos de recompensa que podem ser resgatados em qualquer canal;
  • Magazine Luiza: a varejista brasileira tem sido pioneira no varejo omnichannel no país. Com o seu "Parceiro Magalu", pequenos varejistas podem vender seus produtos através do site e do aplicativo da Magazine Luiza, enquanto os clientes podem comprar online e retirar na loja.

Em resumo, o varejo omnichannel representa uma evolução do varejo, que reconhece a realidade do comportamento de compra moderno e busca oferecer uma experiência de compra integrada e personalizada. 

Embora ainda esteja dando seus primeiros passos no Brasil, as empresas que conseguirem implementar com sucesso estratégias omnichannel estarão bem posicionadas para prosperar no ambiente de varejo moderno.

💡 Atendimento omnichannel: o que é, vantagens e como utilizá-lo 

As lojas físicas vão ser extintas?

Então, chegamos à questão central: o fim das lojas físicas é um mito ou uma verdade? Com base nas discussões e dados apresentados, podemos concluir que a ideia do fim das lojas físicas é mais um mito do que uma verdade.

Embora o Ecommerce esteja crescendo a um ritmo acelerado e as lojas físicas estejam enfrentando desafios significativos, as lojas físicas ainda têm um papel importante a desempenhar no varejo. Elas oferecem uma experiência sensorial e pessoal que muitos consumidores ainda valorizam: a possibilidade de tocar, sentir e experimentar produtos antes de comprar.

Além disso, muitas lojas físicas estão se adaptando e inovando para prosperar no ambiente de varejo moderno. Elas estão integrando suas operações físicas e digitais, personalizando suas ofertas para atender às expectativas dos consumidores modernos.

Em resumo, o varejo não deve ser tratado como uma guerra do físico contra o digital. Combinando o melhor dos dois mundos, é possível oferecer uma experiência de compra superior. E nesse sentido, as lojas físicas estão longe de serem extintas – elas estão apenas evoluindo.

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