Atualizado em 31/10/2022 por Maria Alice Medeiros
Para crescer com saúde, uma empresa precisa ter suas finanças bem gerenciadas. E, ainda que esse gerenciamento seja delegado ao empreendedor, existem fatores externos que podem dificultar esse processo. A inflação é um deles. Neste artigo, vamos mostrar os efeitos da inflação nas empresas e como contorná-los. Confira!
A inflação nada mais é do que um fenômeno monetário. Ela acontece quando a moeda de determinado país perde seu valor gradualmente, causando um aumento generalizado de preços.
Ainda que os efeitos da inflação possam ser observados com mais força na rotina de compras dos consumidores, esse é um fator que também tem um profundo impacto no gerenciamento e crescimento de empresas.
Nos tópicos a seguir, falaremos sobre os índices usados para medir a inflação, os efeitos da inflação nas empresas e como é possível minimizar o seu impacto nas operações.
Mas, antes de começar, confira o vídeo abaixo em que Diego Ceciliano, especialista em finanças, mostra diversos cenários de acordo com a inflação e o que você deve fazer para ajustar o preço do produto:
Índice:
Quais os efeitos da inflação nas empresas no geral?
De modo geral, uma empresa é afetada pelo aumento da inflação em dois principais pontos: aumento dos custos de produção e gerenciamento e perda no volume de vendas. Explicamos a seguir…
O primeiro ponto – ou seja, o aumento dos custos de produção e gerenciamento – acontece porque, com a alta da inflação, os preços de matérias-primas também aumentam. Isso faz com que a relação entre uma empresa e seus fornecedores seja mais custosa.
Na prática, a empresa vê o seu poder de compra reduzido, o que pode afetar o seu controle de estoque, por exemplo. Em alguns casos, os custos de frete e gerenciamento logístico também podem aumentar.
Teoricamente, negócios poderiam diminuir o impacto do aumento da inflação simplesmente repassando os custos para seus consumidores. Mas o que acontece na prática é que a empresa absorve a maioria desses aumentos. E nós explicamos o porquê…
Esse cenário nos leva ao segundo ponto: a perda do volume nas vendas.
A inflação afeta o consumidor final mais do que qualquer um. Com o aumento da inflação o comprador tem o seu poder de compra diminuído drasticamente. Isso quer dizer que, com a mesma quantia, ele é capaz de adquirir menos produtos e serviços.
Isso faz com que empresas tenham mais dificuldade para vender, diminuindo o seu faturamento.
A inflação afeta todos os negócios da mesma maneira?
Não. A inflação afeta diferentes negócios de maneiras distintas. Alguns dos pontos que podem decidir os efeitos da inflação nas empresas são:
- Seu nicho de mercado;
- Seus concorrentes;
- A natureza dos produtos ou serviços que oferece;
- Força da marca.
Vamos explicar os detalhes de cada um desses pontos a seguir…
Para começar, empresas alocadas em nichos considerados essenciais são menos impactadas pela inflação.
Isso porque, com o aumento dos preços, consumidores vão optar por gastar os seus recursos com aqueles produtos ou serviços que são estritamente necessários. Alguns exemplos de segmentos essenciais são o da saúde e o da alimentação.
Além disso, mercados com menos concorrentes também tendem a sofrer uma menor variação de preços frente à alta da inflação.
Essa é a velha lei da oferta e demanda; quando um segmento oferece poucas opções de vendedores, os consumidores não têm outra opção senão lidar com a alta dos preços.
Por último, mas não menos importante, temos a força da marca como fator de proteção contra a inflação. Uma marca bem estabelecida entre os consumidores pode passar por variações de preço tendo menos impacto nas suas vendas.
Por isso, falamos tanto sobre a importância do branding e da construção de uma marca forte. Se esse assunto te interessa, este artigo pode ser útil: O que é Branding: entenda TUDO.
Quais os índices usados para medir a inflação?
Agora que você conhece um pouco mais sobre os efeitos da inflação nas empresas, é hora de entender também quais os índices usados para determinar a desvalorização da nossa moeda.
No Brasil, são usados diferentes tipos de índices. Alguns deles são utilizados para medir como a inflação afeta a vida das pessoas, enquanto outros fazem essa medição dentro do âmbito empresarial.
Dentro desses cálculos são considerados faixas de renda, regiões do Brasil, períodos determinados de tempo e outros pontos. Confira agora os índices usados para medir a inflação:
IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo)
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o principal indicador inflacionário usado no Brasil. Ele é medido mensalmente nas principais regiões metropolitanas do país, levando em consideração as famílias que recebem até 40 salários mínimos.
Dentre os gastos considerados estão a alimentação, despesas pessoais, educação, saúde, habitação, vestuário e transporte.
IGP–DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna)
O Índice Geral de Preços (IGP) é um indicador da inflação nas empresas. Ele é formado pela média de outros três índices:
- IPA;
- IPC;
- INCC.
O IGP-DI é calculado do primeiro ao último dia do mês, medindo a alta de preços em diferentes mercados, desde o agrícola até o de bens e serviços.
IGP–M (Índice Geral de Preços – Mercado)
O IGP-M é um indicador de preços que engloba todo o processo produtivo, desde o custo de matérias-primas até o valor dos bens e serviços finais. Ele é calculado do dia 21 ao dia 20 do mês seguinte. O intuito é que esse índice seja acompanhado anualmente, considerando a variação de preço em bens, serviços e produtos gerais.
IPC – Fipe
O Índice de Preços ao Consumidor, ou Fipe, tem o intuito de calcular a variação de preços de um conjunto fixo de produtos ou serviços. Nesse índice, são consideradas as despesas de famílias que recebem até 33 salários mínimos.
Algumas das despesas levadas em consideração são habitação, alimentação, saúde, educação, vestuário, despesas pessoais, comunicação e transporte.
INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)
O INPC é medido pelo IBGE utilizando uma faixa salarial menos abrangente, de até 5 salários mínimos. Seu papel é considerar os valores da cesta de consumo de pessoas com menor poder aquisitivo.
IPC–S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal)
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal, por sua vez, é calculado pela FGV e considera a variação de preços em apenas 7 capitais brasileiras: Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
O índice também considera famílias que ganham até 33 salários mínimos. Para o cálculo do IPC-S é considerado o período de 4 semanas, com o fechamento nos dias 7, 15, 22 e 30 de cada mês.
Os 5 principais efeitos da inflação nas empresas
Neste artigo já falamos sobre quais os índices que calculam a desvalorização do Real e os efeitos da inflação nas empresas.
Agora, podemos analisar de maneira prática como esse fenômeno econômico impacta o dia a dia de um negócio.
Veja:
1. Nas contas básicas
Contas como luz, água, internet, gás e telefone podem pesar – e muito! – no orçamento mensal de uma empresa. E, quando a inflação aumenta, a diferença é logo sentida no bolso do empreendedor, ou melhor, no fluxo de caixa da empresa.
Muitos empreendedores digitais gerenciam seus negócios diretamente de suas casas, sem ter uma loja física. Isso quer dizer, portanto, que este impacto pode ser sentido mesmo que a companhia opere exclusivamente no Ecommerce.
Recomendamos que você fique de olho, implementando medidas de redução no consumo. Poucas ações podem fazer uma grande diferença!
2. Na relação com os fornecedores
Outro ponto afetado pela inflação é a relação com os fornecedores. Com o aumento das matérias-primas, é possível que os custos de produção e aquisição de produtos aumente consideravelmente.
Essa é uma situação que pode ser potencializada quando o fornecedor em questão tem poucos concorrentes.
Por isso, indicamos aos nossos alunos que estejam sempre monitorando o mercado em busca de novos parceiros comerciais e não dependam apenas de um único fornecedor.
Essa variedade pode proteger a sua empresa das variações inflacionárias e ainda garantir um produto de melhor qualidade.
3. Na relação com os colaboradores
Também vale destacar que o aumento da inflação pode impactar os colaboradores da empresa. Quanto menor for o faturamento, maior a chance de a companhia ter dificuldades para aplicar reajustes salariais e oferecer gratificações extras.
Por isso, indicamos que você foque na produtividade do seu time e faça contratações de maneira inteligente. Além disso, mantenha um canal de comunicação transparente com esses colaboradores, os mantendo atualizados sobre o estado financeito da empresa.
Neste artigo, falamos sobre o assunto em detalhes, confira: Como montar uma equipe de sucesso para seu Ecommerce?
4. Nos empréstimos
Muitos empreendedores pegam empréstimos para começar os seus negócios. Essa é uma prática aceitável, desde que seja guiada por um planejamento financeiro adequado, mas também pode ser impactada pelas oscilações da inflação.
Quando a inflação está em alta, as taxas de juros podem ser menos vantajosas. Nesses casos, é prudente adiar a contratação desse crédito e avaliar outras opções para obtenção de capital.
5. Nas vendas
Como já falamos anteriormente, é impossível analisar os efeitos da inflação nas empresas sem levar em consideração seu impacto nas vendas.
Com menor poder aquisitivo, os consumidores vão controlar mais os seus gastos, comprar menos e gerar menos faturamento para as empresas.
Esse é um cenário que pode ser agravado ainda pelo repasse do aumento de custos, o que torna o produto mais custoso para o cliente e desencoraja a compra.
Leia também: 15 dicas para vender mais em qualquer segmento.
É possível compensar os efeitos da inflação nas empresas? Conheça 5 estratégias
Diante de todo esse contexto sobre os efeitos da inflação nas empresas, uma coisa é evidente: é preciso se preparar para essas variações do mercado. A seguir, nós vamos apresentar algumas alternativas que podem ser úteis nesse processo…
1. Repasse de preços
Tendo em vista o aumento dos custos de fabricação de produtos, muitas empresas não têm outra alternativa senão repassar esses preços para seus consumidores.
Essa é uma estratégia que precisa ser bem planejada pois blinda o fluxo de caixa da empresa dessas variações mas, ao mesmo tempo, pode representar a perda de alguns clientes.
No momento de repassar esses custos para o consumidor final, sugerimos que você leve em consideração os seus concorrentes, o seu nicho de mercado e a força que a sua marca tem no segmento.
2. Controle de custos e despesas
Para funcionar de forma saudável, uma empresa precisa ter os seus custos fixos e variáveis bem controlados. Defina, por exemplo, quais os elementos do seu negócio que precisam de constante reinvestimento e como esse processo pode ser otimizado.
Também é importante que você mapeie quais desses investimentos estão ligados à geração de receita. Dessa forma, você poderá decidir quais os custos que valem a pena e quais podem ser cortados.
Esse é um assunto extenso e, por isso, indicamos que você também leia: Redução de custos: 6 maneiras de aplicar na sua empresa.
3. Gestão eficiente de estoque
Quando o assunto são os efeitos da inflação nas empresas, muitos empreendedores negligenciam a importância de se fazer uma boa gestão de estoque.
Ainda que ter muitos produtos em estoque não seja o mais indicado – afinal, o gerenciamento desses ativos também gera um custo para a empresa – é importante manter um nível de itens que proteja a operação de variações repentinas e permita a cobrança de preços competitivos na revenda.
4. Aumento do giro do negócio
Outro ponto que precisa de atenção é o giro da empresa. Mas, afinal de contas, como vender mais em um cenário de diminuição de poder aquisitivo? É nesse momento que muitas companhias procuram expandir o seu público e passam a alcançar uma parcela de consumidores que, antes, não consumia seus produtos.
Uma das alternativas nesse caso é variar o mix de produtos. Isso pode ajudar a aumentar a margem de lucro e elevar o volume de vendas totais.
5. Cuidado ao retirar o pró-labore
Por último, mas não menos importante: a retirada do pró-labore também pode ser impactada pela inflação.
O pró-labore nada mais é do que o salário do empreendedor. Muitos empreendedores, sobretudo no início das operações, costumam medir a retirada dessa quantia de acordo com o faturamento, sem considerar os custos envolvidos no gerenciamento do negócio.
O resultado disso é uma empresa sem fôlego para crescer, que fica ainda mais suscetível às variações inflacionárias. Por isso, nós costumamos orientar nossos alunos a reinvestir tudo – ou pelo menos boa parte – do pró-labore nos primeiros meses de operação.
Proteja a sua empresa dos efeitos da inflação vendendo mais!
Como falamos ao longo deste artigo, uma das maiores armas das empresas contra a inflação é o aumento do volume de vendas. Apesar disso, para chegar a este patamar, é preciso muita estratégia e planejamento…
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- Definir ICP;
- Construir um processo de prospecção;
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Perguntas Frequentes
Quais os principais efeitos da inflação?
A inflação impacta diretamente o poder de compra de consumidores e empresas. Ela pode reduzir investimentos, comprometer o planejamento financeiro a médio e longo prazo e comprometer os lucros dos negócios.
Quais os efeitos da inflação na renda do trabalhador?
O principal efeito da inflação no salário do trabalhador é a redução do poder aquisitivo. Esse é um fator que impacta diretamente as vendas de empresas, o que leva a uma desaceleração econômica.
Por que a alta da inflação impacta os preços praticados por uma empresa?
Uma empresa depende do preço de seus fornecedores para fixar os valores de seus produtos. Se a inflação impacta essa parte da operação, os custos precisam ser repassados para os consumidores, a fim de que a empresa seja economicamente viável.
Quais são as três vias pelas quais a inflação afeta os valores contábeis?
A inflação afeta os valores contábeis em três principais vias: depreciação, estoques e os ativos/passivos financeiros.
Quais são as principais consequências da inflação?
A inflação desacelera o crescimento econômico, pois gera um ambiente de incertezas para empresas e consumidores.
O que significam as siglas INPC e IPCA?
INPC significa Índice Nacional de Preços ao Consumidor e IPCA significa Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Ambos são índices de medição da inflação.
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