Pontos principais do artigo:

  • O empreendedorismo social vai além da boa intenção: exige modelo de negócio viável, impacto mensurável e solução real para um problema coletivo;
  • Tucum Brasil, Uhnika e Manioca são exemplos de empresas brasileiras que têm atuação social;

Nos últimos anos, ficou evidente que o consumidor brasileiro quer mais do que preço e entrega rápida. 

Ele quer saber o que está financiando com o próprio dinheiro.

No Brasil, 73% dos consumidores estão preocupados com o futuro do planeta.

Enquanto isso, 68% afirmam que preferem pagar por produtos e serviços com impacto ético, segundo pesquisa Future Consumer Index (via Exame). 

Esse movimento tem empurrado cada vez mais empreendedores a repensarem o propósito dos seus negócios desde o início.

É aqui que entra o empreendedorismo social

Mas o que isso quer dizer na prática? Como ter uma empresa socialmente responsável? E o mais importante: isso dá lucro? 

Você vai descobrir isso (e mais!) neste artigo. 

Vamos juntos? 😉

O que é empreendedorismo social – e o que ele não é

Empreendedorismo social é quando um negócio nasce com a missão de resolver um problema social ou ambiental relevante 

Ele precisa fazer isso de forma estruturada, com modelo de negócio viável e impacto mensurável.

Vale destacar que, no empreendedorismo sustentável, o impacto não é um “plus”, é o próprio produto ou serviço. 

E, ao mesmo tempo, o modelo de negócio precisa funcionar: gerar receita, sustentar a operação e, idealmente, escalar.

Aqui vão alguns exemplos do que não é empreendedorismo social:

Não é empreendedorismo social quando... Por quê?
Uma empresa doa parte do lucro para causas sociais A doação é um gesto pontual, mas não faz parte do modelo de negócio
Um negócio fala sobre propósito, mas vende qualquer coisa Impacto precisa ser uma consequência direta da atividade principal
A operação depende 100% de doações Não há sustentabilidade — o impacto se torna vulnerável
O empreendedor se promove mais que a solução A vaidade pessoal não resolve problemas coletivos

A maior confusão vem justamente da palavra “social”. Ela dá a impressão de que basta ter boa intenção ou ajudar alguém pra ser um negócio de impacto. 

Mas, como mostra o relatório Mapa de Negócios de Impacto, 73% dos negócios brasileiros de impacto colocam o propósito como parte central do negócio.

Com isso, conseguimos entender que empreender socialmente é partir do problema e construir uma solução viável ao redor dele. 

↪️ Leia também: Como aplicar o empreendedorismo sustentável? Dicas e exemplos.

Por que o empreendedorismo social é relevante?

Porque o consumidor mudou — e com ele, a forma de fazer negócios também. 

Segundo o Future Consumer Index, da EY, 73% das pessoas estão mudando para alternativas sustentáveis nos produtos que consomem. 

Além disso, 66% já tomam decisões de compra com base no impacto ambiental de um produto ou serviço, e 46% afirmam estar dispostos a pagar mais em empresas sustentáveis.

Para as marcas que já operam no empreendedorismo social, o retorno tem sido claro… 

O relatório Mapa de Negócios de Impacto mostra que 30% desses negócios são financeiramente sustentáveis e 15% faturam mais de R$ 2 milhões por ano.

5 exemplos reais de empreendedorismo social no Brasil 

Nem todo negócio social precisa nascer com grandes investimentos ou sob os holofotes. 

Alguns dos projetos mais transformadores do Brasil começaram com uma pergunta simples: “Como eu posso resolver isso de um jeito que funcione?”. 

A seguir, você vai conhecer 5 iniciativas que colocaram o propósito no centro e encontraram no Ecommerce um canal para escalar impacto.

1. Tucum Brasil

A Tucum Brasil é um exemplo de como o Ecommerce pode funcionar como ponte e não só como vitrine. 

A marca conecta o artesanato de comunidades indígenas diretamente ao consumidor final, sem atravessadores. 

Com isso, busca dar visibilidade a expressões culturais que por muito tempo foram pouco reconhecidas, ao mesmo tempo em que promove a autonomia financeira de quem vive da produção artesanal.

Empreendedorismo social
Fonte: Site Tucum Brasil

2. Uhnika 

A Uhnika é uma marca de moda sustentável que escolheu enfrentar os impactos negativos da indústria têxtil com práticas mais responsáveis. 

Toda a cadeia produtiva foi redesenhada para reduzir desperdício, priorizar tecidos certificados e adotar processos menos agressivos ao meio ambiente. 

A empresa também remunera melhor suas costureiras em comparação com o padrão do setor, fortalecendo a lógica de comércio justo. 

Até os resíduos têxteis viram insumo para novas peças.

3. ASMARA (Gerando Falcões)

A ASMARA é uma iniciativa que surgiu dentro do ecossistema da Gerando Falcões com o objetivo de gerar renda para mulheres de favelas por meio da produção e venda de produtos no Ecommerce. 

O impacto acontece na base, com inclusão produtiva e estímulo à autonomia financeira. 

Ao mesmo tempo, a iniciativa se conecta a outras ações da Gerando Falcões, como formação de lideranças e acesso à educação.

4. Ekilibre Amazônia 

A Ekilibre Amazônia trabalha com cosméticos naturais que têm origem em comunidades ribeirinhas da região Norte do Brasil. 

Cerca de 80% das matérias-primas vêm dessas comunidades, que também recebem apoio para alcançar formalização e melhorar suas condições de trabalho. 

A empresa cuida de toda a operação com foco em práticas ambientais rigorosas, como sistemas de reaproveitamento de água e saneamento sustentável.

Empreendedorismo social
Fonte: Site Ekilibre Amazônia

↪️ Leia também: Economia colaborativa: o que é e como aplicar [+ exemplos]

5. Manioca 

A Manioca é uma indústria de impacto socioambiental criada e liderada por amazônidas – como se referem as pessoas que vivem na região da Amazônia.

O negócio transforma ingredientes da floresta em alimentos naturais e acessíveis, a partir do desenvolvimento de cadeias produtivas justas e sustentáveis. 

O impacto se concentra em duas frentes: 

  • Geração de renda para comunidades da região Norte;
  • Valorização cultural dos saberes alimentares da Amazônia. 

A operação alcança escala nacional, mas mantém raízes locais na forma de produção, relação com fornecedores e compromisso com a biodiversidade

Fonte: Site Manioca

↪️ Leia também: 100 frases de empreendedorismo feminino para te inspirar. 

Como começar um negócio social? 

Colocar um negócio social de pé exige clareza sobre o problema que se quer resolver e atenção ao modelo de operação. 

A seguir, você vai encontrar um passo a passo direto para começar a estruturar algo que realmente funcione.

Identifique um problema social que você conhece de perto 

Todo negócio social começa com um problema real

E não com qualquer problema, mas com um que você conhece bem, de preferência por experiência direta. 

Pode ser algo que você já enfrentou, viu de perto na sua comunidade ou convive no dia a dia. 

A familiaridade com o contexto faz diferença porque evita soluções genéricas e aumenta as chances de você enxergar oportunidades que passam despercebidas

Encontre uma solução prática (seu MVP de impacto) 

Depois de entender o problema, o próximo passo é pensar em uma solução simples, prática e testável. 

Isso significa criar um MVP, ou Produto Mínimo Viável

No empreendedorismo social, o MVP precisa fazer 3 coisas ao mesmo tempo: 

  1. Gerar valor real para quem vive o problema;
  1. Ser executável com recursos limitados;
  1. Te dar retorno rápido sobre o que funciona e o que precisa melhorar.

Antes de pensar em escalar, comece pequeno. Pergunte: qual é a menor versão possível da minha ideia que já entrega algum valor? 

Isso pode ser:

  • Uma oficina com poucas pessoas;
  • Um grupo de WhatsApp com conteúdos semanais;
  • Um produto artesanal feito sob demanda;
  • Uma consultoria social com preço acessível;
  • Um kit enviado por correio para teste de usabilidade.

Não se preocupe em criar uma marca perfeita ou montar uma operação inteira de cara. 

O foco aqui é entender se o impacto que você imaginou realmente acontece.

Se a resposta for sim, você tem um ponto de partida real.

Construa um modelo de negócio viável

Depois de validar uma solução com potencial de impacto, o próximo passo é estruturar um modelo que sustente esse impacto ao longo do tempo. 

Isso significa pensar em como sua iniciativa vai gerar receita, cobrir custos e manter as entregas funcionando com estabilidade.

Você não precisa montar um plano de negócios de 40 páginas. Mas precisa responder algumas perguntas essenciais. 

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Olhe para essas áreas com atenção:

  • Proposta de valor: qual transformação você entrega para quem vive o problema?
  • Público beneficiado e cliente pagador: são a mesma pessoa ou são diferentes?
  • Fontes de receita: como o dinheiro entra? Venda direta? Assinatura? Doações recorrentes? Serviços?
  • Estrutura de custo: o que custa para operar? Quais recursos você precisa manter ativos?
  • Canais de entrega: como o seu produto ou serviço chega até quem precisa?
  • Indicadores de impacto: quais métricas você vai acompanhar para saber que está funcionando?

Vale lembrar: negócios sociais podem lucrar, mas o lucro é um meio, não o fim. 

O modelo precisa equilibrar viabilidade econômica com coerência de propósito.

Valide seu modelo com as primeiras ações 

É aqui o momento de colocar a solução em contato direto com a realidade, em pequena escala, para observar o que acontece.

O foco é criar pequenas ações de teste, com baixo custo e retorno rápido. Isso pode ser:

  • Uma rodada inicial de vendas para um grupo reduzido de clientes;
  • Um evento online ou presencial com um serviço sendo aplicado pela primeira vez;
  • Uma amostra gratuita em troca de feedback estruturado;
  • Uma landing page com formulário para mapear o interesse de compra.

Esse é um tipo de empreendedorismo que exige escuta ativa, flexibilidade e disposição para refinar a rota o tempo todo.

Mensure o impacto desde o início

Medir resultados é um passo importante para qualquer negócio, mas no empreendedorismo social, essa é parte da entrega. 

Essa mensuração também facilita a comunicação com parceiros, investidores e com o próprio público que apoia a causa.

Você pode começar com indicadores simples, desde que estejam alinhados ao problema que decidiu enfrentar. 

Para isso, pense em 3 perguntas:

  1. O que exatamente eu quero mudar?
  2. Quem é afetado por essa mudança?
  3. Como posso acompanhar essa evolução com dados ou relatos confiáveis?

Com base nessas respostas, defina indicadores de impacto que sejam fáceis de acompanhar no dia a dia. 

Por exemplo:

  • Número de pessoas atendidas que geraram renda pela primeira vez;
  • Redução de resíduos com determinada prática ou produto;
  • Número de alunos capacitados que passaram a atuar no mercado;
  • Relatos de beneficiários contando mudanças concretas na rotina.

Além dos números, inclua registros qualitativos

Depoimentos em vídeo, áudio ou texto ajudam a mostrar a profundidade da mudança.

↪️ Leia também: Conheça os 28 melhores livros de empreendedorismo

Os maiores desafios no empreendedorismo social

Fazer um negócio acontecer já é desafiador por natureza. 

Quando esse negócio também carrega a missão de resolver um problema social ou ambiental, os obstáculos ganham novas camadas. 

Neste trecho, você vai ver quais são os principais entraves que travam o avanço dos negócios sociais e o que pode ser feito para enfrentá-los com mais preparo.

Acesso a crédito e financiamento 

A falta de acesso a crédito é um dos principais gargalos para negócios de impacto. No Brasil, apenas 3 em cada 10 pequenas empresas conseguem empréstimos bancários (Sebrae). 

Para quem empreende com propósito, o desafio aumenta. 

Com isso, cresce a busca por alternativas como fundos de impacto, financiamento coletivo e editais. 

Nesse cenário, organizações como a Artemisia e a Quintessa cumprem um papel importante: 

  • A Artemisia apoia empreendimentos que enfrentam problemas sociais e ambientais com soluções sustentáveis e impacto mensuráve;
  • Já a Quintessa oferece programas personalizados de aceleração, com apoio de mentores e foco em captação de investimento para negócios que atuam no empreendedorismo social.

Burocracia e carga tributária 

Negócios sociais enfrentam os mesmos entraves legais e tributários que qualquer outra iniciativa de empreendedorismo digital no Brasil…

No entanto, essas têm o agravante de muitas vezes operarem em regiões periféricas ou com públicos em situação de informalidade. 

Em muitos casos, esse obstáculo força os empreendedores a operar de forma parcial ou improvisada, o que compromete o crescimento do negócio.

Logística e cadeia de suprimentos

Outro ponto crítico é fazer o produto chegar ao destino final de forma eficiente. 

Isso é ainda mais difícil quando a operação envolve comunidades ribeirinhas, quilombolas, indígenas ou territórios onde a infraestrutura básica é frágil.

Segundo o relatório Mapa de Negócios de Impacto, muitos negócios sociais localizados fora dos grandes centros enfrentam gargalos logísticos. 

Tanto é que o Sudeste ainda lidera em volume total, com 59% dos negócios mapeados

E além do frete, há o desafio de organizar uma cadeia de suprimentos coerente com os princípios do impacto.

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Esperamos que depois de ler este artigo você já tenha uma boa ideia do que é empreendedorismo social e como aplicá-lo em sua empresa.

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